Essa semana finalizei a leitura do livro “Apaixone-se pelo problema, não pela solução”, de Uri Levine (cofundador do Waze e criador de dois (!!) unicórnios). Apesar do livro ser focado em startups, é possível identificar algumas lições que podem se aplicar ao mundo da Manufatura Aditiva.

No artigo desta semana da Newsletter do LinkedIn, compartilho algumas reflexões provocadas pelo livro, mas com o olhar voltado para o nosso setor.
Afinal, será que estamos realmente apaixonados pelos problemas certos?
A armadilha da tecnologia pela tecnologia
É comum ver projetos de impressão 3D surgindo apenas porque a tecnologia é “incrível”. Mas, como destaca Uri Levine, essa abordagem tem um problema fundamental: ninguém se importa com solução se ela não resolve um problema real!
E isso vale para qualquer aplicação/projeto/inovação em MA. A pergunta que deveríamos nos fazer com mais frequência é: qual o problema real que estamos resolvendo? E mais importante: esse problema vale a pena ser resolvido?
Product-Market Fit: e a sua aplicação em MA?
O conceito de Product-Market Fit (PMF) (Adequação do Produto ao Mercado) é discutido constantemente no livro, sendo um dos pontos centrais. Ele ocorre quando você entrega um valor tão claro que o cliente não apenas compra, mas volta.
Na manufatura aditiva, isso significa deixar de usar a tecnologia para todo tipo de aplicação e, em vez disso, identificar os nichos onde ela agrega valor, resolve um problema, e, às vezes, é “insubstituível”.
Exemplos para essas situações compartilhadas constantemente no LinkedIn: a substituição de peças de difícil reposição na indústria pesada, implantes customizados na medicina ou redução drástica de peso em peças aeroespaciais! Nestes casos, o fit entre problema e tecnologia é evidente.

A jornada de fracassos e a curva de aprendizado da Manufatura Aditiva
O autor Uri Levine descreve a trajetória de qualquer inovação como uma “montanha-russa de erros, tentativas e longos períodos sem tração”. A Manufatura Aditiva, especialmente quando aplicada a novas cadeias produtivas, também passa por esse processo.
Quem já tentou convencer uma indústria tradicional a trocar um processo de fabricação tradicional (como usinagem, por exemplo) por impressão 3D sabe que não é uma questão apenas técnica, mas cultural, de custo, de confiança.
Nesse cenário, aprender rápido com os fracassos, adaptar a proposta e iterar é fundamental: e isso só acontece com feedback real de clientes reais.
O cliente é o centro
Uma das mensagens mais marcantes do livro é: você não é o cliente. Ou seja, não projete soluções a partir da sua visão de mundo. Converse com usuários. Observe como eles usam (ou não usam) a tecnologia.
No universo da manufatura aditiva, isso significa, muitas vezes, sair da bolha técnica e entrar no “chão de fábrica”, nas dores dos engenheiros de manutenção, dos designers de produto e até mesmo da equipe de suprimentos.
Será que estamos perguntando com profundidade: “por que você ainda não adotou MA?”, e ouvindo de verdade as respostas?
MVPs, simplicidade e redução de barreiras
O autor do livro reitera algumas vezes: “lance o produto antes de estar pronto”. Isso vale para software, mas também para a Manufatura Aditiva. Em vez de investir meses desenvolvendo uma aplicação 100% otimizada, por que não testar com um protótipo funcional?
Às vezes, o que falta não é uma nova impressora, mas uma experiência de uso mais fluida.
Disrupção não é só tecnologia, é comportamento
A verdadeira disrupção, segundo o autor, acontece quando há uma mudança de comportamento. A impressão 3D será realmente disruptiva quando impactar a lógica da produção em massa, da logística global, da customização em escala.
Mas para isso, precisamos olhar além das máquinas. É preciso desenhar modelos de negócios que se conectem com os novos hábitos da indústria, da cadeia de suprimentos e, principalmente, das pessoas.
O que podemos aprender com isso tudo?
O livro de Uri Levine nos convida a tirar o foco das soluções prontas e reconectar com a dor do cliente. Para o setor de Manufatura Aditiva, isso pode significar:
- Focar em nichos onde a dor é real e o valor é percebido;
- Conversar (muito!) com os usuários finais (e ou profissionais que participem do processo que está sendo analisado);
- Iterar rápido, lançar “MVPs”, medir, simplificar;
- E, acima de tudo, apaixonar-se pelos problemas certos.
E agora, como podemos avançar?
O seu projeto de MA atual está resolvendo um problema urgente, frequente e relevante para o seu público-alvo?
A Manufatura Aditiva pode (e vai) transformar a indústria, mas isso irá avançar a partir do momento que pensamos em resolver, cada vez mais, problemas reais, com soluções que geram valor concreto.
E você? Já descobriu qual problema vale a pena ser resolvido com a Manufatura Aditiva?
Grande abraço!
Luan Saldanha.
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